A pandemia mudou a forma de estarmos em sociedade, as nossas prioridades, necessidades e objetivos. A casa passou a ser o nosso lar, mas também o nosso escritório. O teletrabalho e os modelos híbridos (alternância entre trabalho físico e remoto) passaram a imperar. Neste contexto, o nosso tempo de permanência em casa aumentou e foi esse o fator determinante na forma de nos relacionarmos com as redes sociais, com o aumento exponencial do número de utilizadores e do seu tempo de permanência online.
Os dados do mais recentes do Digital 2020 October Global Statshot Report, realizado pela Hootsuite juntamente com a We Are Social, mostram que:
- entre outubro de 2019 e 2020, mais de 450 milhões de pessoas passaram a utilizar redes sociais a nível mundial, o que representa um crescimento de 12.3% e um número de 14 novos utilizadores por segundo desde igual período de 2019;
- entre julho e setembro de 2020 houve um aumento médio diário de quase 2 milhões de novos utilizadores nas redes sociais;
- o tempo médio diário de cada utilizador dividido pelos vários dispositivos (telemóvel, computador, tablet) é de 2h29m;
- no total, em outubro havia 4.14 biliões de utilizadores de redes sociais ativos, o que representa 53% da população mundial.
Um contexto que alterou a ideia de consumidor ‘tipo’ que conhecíamos até há um ano e que cria um novo mundo em que as marcas têm de se adaptar a novas exigências de procura, que são o dealbar das novas tendências de redes sociais em 2021.
10 Tendências de Redes Sociais para 2021
1. Os 4 C’s
Os consumidores redefiniram as suas preocupações e em 2021 esperam que as marcas se adaptem e respondam às suas novas necessidades, que englobam quatro tópicos essenciais que marcam o tom nas redes sociais, os 4 C’s:
- Community (Comunidade)
- Contactless (Sem contacto)
- Cleanliness (Limpeza / higiene)
- Compassion (Compaixão)
Ao abordarem estas temáticas na sua comunicação, as marcas mostram-se conscientes dos desejos e requisitos dos consumidores e criam uma empatia e proximidade relacional com os clientes, fortalecendo a sua imagem institucional.
2. Marketing de Nostalgia
2020 fez despertar a ‘nostalgia’ nos consumidores face aos ‘bons velhos tempos’, emoções que vão marcar as tendências das mensagens das marcas este ano nas redes sociais. Esta é assim uma forma de relembrar e apelar às boas recordações, criando um sentimento de empatia e satisfação entre o consumidor e a marca. Um bom exemplo é através da criação de campanhas divertidas nas redes sociais que aludam a sentimentos de bem-estar e felicidade em que o consumidor se reveja e que o ajudem a enfrentar este período de restrições.
O 2021 Social Media Trends Report refere que historicamente foi durante os momentos de crise que o marketing de nostalgia teve um papel de maior preponderância, como na Grande Depressão dos anos 20 e na recessão no final da última década. Recordar os melhores momentos do passado é a melhor forma de enfrentar as dificuldades do presente e é justamente este um dos tópicos pelos quais passa a comunicação nas redes sociais em 2021.
3. Marketing ‘old-school’
Depois da instabilidade vivida em 2020, este ano as ideias disruptivas ou “fora da caixa” vão ser substituídas pelo regresso das marcas a estratégias de marketing ‘tradicionais’ nas redes sociais – como a divulgação de newsletters ou podcasts. O objetivo é facilitar a descodificação da mensagem e o envolvimento com os consumidores, que anseiam por uma comunicação clara e eficiente, que não implique ‘métodos revolucionários’. Quanto mais simples, mais eficaz.
Em simultâneo, e em resposta a um ano marcado pelo confinamento e restrições de circulação, a maneira de comunicar também sofre alterações, e apesar das mensagens de texto ainda marcarem as preferências dos utilizadores, a tendência agora é para a voz ganhar maior expressão na comunicação: voice search; voice notes; talk-to-text; e voice Tweets. ‘Da palavra escrita à palavra dita’ é o mote que se assume como uma tendência a seguir pelas marcas nas redes sociais em 2021.
4. Marketing conversacional
A ‘voz da marca’ e o envolvimento são grandes tendências de 2021. A estratégia da comunicação nas redes sociais tem de centrar-se na criação de laços com os consumidores através do ‘contacto’ e da ‘palavra’, construindo relações fortes entre o cliente e a marca. A prioridade dos consumidores deriva agora do estímulo à compra – através de promoções ou descontos – para uma preocupação com a informação sobre os produtos, bem como com o posicionamento da marca em termos globais: valores, causas, objetivos e rostos da organização.
Para criar envolvimento e potenciar a fidelização é importante cada marca ter uma ‘voz’ ativa nas redes sociais, partilhando os seus princípios, o caminho que tem construído, os seus sucessos e metas futuras, comunicando de forma transparente e autêntica e investindo em projetos que façam e marquem a diferença, com os quais as pessoas se sintam ligadas e se identifiquem. Humanizar uma marca é o primeiro passo para a ligar aos seus clientes, ao mesmo tempo que se constrói ou se reforça a sua posição de liderança.
5. User Generated Content (UGC)
Os UGC – conteúdos gerados pelo utilizador – são publicados nas páginas pessoais nas redes sociais e partilhados pelas marcas, que mostram assim a experiência que os utilizadores têm com os seus produtos. O inverso também acontece: o utilizador ‘apropria-se’ de conteúdos publicados pelas marcas e republica-os de forma personalizada, adaptando-os à sua experiência, uma tendência que se define por ‘remistura’.
Ambas as modalidades são a melhor forma de uma marca comunicar os seus produtos nas redes sociais, uma vez que a mensagem é ‘sugestionada’ pela satisfação dos clientes nas suas partilhas pessoais. Por outro lado, os consumidores confiam e inspiram-se muito mais na experiência e conselhos de outros consumidores, do que das marcas. Para facilitar e promover os UGC, as marcas devem disponibilizar e promover o acesso livre a portfólio – como imagens, vídeos ou logotipos – inspirando e fomentando os utilizadores a criarem conteúdos para as redes sociais com os seus produtos.
6. Combate à desinformação
A pandemia acentuou a necessidade de procura de informação verdadeira e evidenciou o perigo da proliferação de Fake News e teorias da conspiração. As próprias redes sociais tomaram medidas neste sentido: o Whatsapp redefiniu as permissões de partilha de mensagens em massa, para atenuar e combater a disseminação de Fake News; o Facebook e o Twitter colocaram um aviso nas imagens cujo conteúdo detetado é suspeito, para alertar para a possibilidade de Fake News. O combate à desinformação nas redes sociais é assim um imperativo das marcas em 2021. Para tal, exige-se que estas sejam autênticas, transparentes e responsáveis nas suas mensagens e que tenham um olhar atento e criterioso na seleção do conteúdo que publicam, para garantir que a informação é 100% confiável. Uma postura que reforça a sua posição e imagem junto do público.
7. Social Gaming
O maior tempo de permanência em casa aumentou o número de gamers (jogadores), de comunidades de fãs de jogos e de interessados neste perfil de mensagens. O 2021 Social Media Trends Report afirma que entre agosto de 2019 e julho de 2020 o número de pessoas online identificadas como gamers subiu de 31.1 milhões para 41.2 milhões, com o pico a registar-se nos meses de confinamento. Embora constitua um nicho de mercado, esta é uma área com um crescente interesse que sairá reforçado este ano, com a comunicação nas redes sociais a ser decisiva para promover os produtos das marcas junto dos ‘habituais’ e novos gamers. Um nicho de mercado com grande potencial de crescimento que constitui um palco nas tendências de 2021.
8. O poder dos memes
Depois dos stickers e dos GIFs, os memes são a grande tendência online na atualidade: imagens ou vídeos virais com tónica humorística que cativam a atenção dos consumidores. Segundo o 2021 Social Media Trends Report, 55% dos utilizadores entre os 13 e os 35 anos envia ou publica memes semanalmente. Esta é uma tendência para a qual as marcas têm de estar despertas, pelo potencial dos memes em envolver e cativar os consumidores através das redes sociais, o berço de eleição para a propagação deste formato.
9. A ascensão do consumidor socialmente consciente
2020 acelerou uma tendência que se irá cimentar este ano: o surgimento do consumidor socialmente consciente. A geração Z (1995 – 2010) é atualmente a melhor representante deste perfil que irá crescer com o surgimento das gerações futuras. O conceito refere-se a consumidores preocupados com o impacto social em diversas vertentes, como por exemplo: alterações climáticas, ambiente, justiça social, inclusão, igualdade racial, feminismo, educação, igualdade profissional, saúde mental ou mudanças nas tendências alimentares. O consumidor socialmente consciente exige das marcas um comportamento responsável e honesto na sua atividade e tem nas redes sociais o meio de se exprimir, trazendo a debate e alertando para os temas que o preocupam. Ao mesmo tempo, é mais exigente e quer que as marcas deem resposta imediata às suas preocupações.
Esta nova corrente traz novos desafios às marcas e obriga-as a uma adaptação célere para responderem às novas necessidades dos novos consumidores – as marcas que não prestem atenção a estes temas vão tornar-se obsoletas para os mais jovens, os consumidores de amanhã. Um estudo da Forbes em 2019 indicava que 88% dos consumidores querem apoiar e estar ao lado de marcas que tenham causas sociais alinhadas com os seus produtos e serviços.
10. Primazia das redes sociais ‘tradicionais’
Num artigo dedicado às tendências nas redes sociais é essencial olhar também para as tendências entre as várias redes sociais disponíveis. Para 2021 as previsões são de primazia e consolidação das plataformas hoje dominantes: Facebook, Instagram e Twitter.
A resposta é simples: pela sua dimensão e características são as plataformas com maior capacidade para responder às exigências do mercado, adaptando-se rapidamente às novas tendências e hábitos de consumo, enquanto canalizam recursos para fazer frente às redes sociais emergentes.
Um bom exemplo de adaptação às novas tendências é a aposta no social shopping, que permite às plataformas sociais estabelecer a ponte entre as necessidades dos consumidores – que procuram produtos e informações sobre os fornecedores – e a oferta das marcas – que intensificam a aposta nas redes sociais para vender os seus produtos e cativar os consumidores -, constituindo-se como um meio primordial na criação e preservação de laços entre a marca e o consumidor.
Em síntese, num mundo instável como aquele em que hoje vivemos, o online assume-se como o berço da comunicação das marcas. Por isso, quanto mais célere e maior a aposta das marcas na comunicação via redes sociais, maiores possibilidades têm de reforçar a fidelização dos seus clientes e de atrair novos consumidores, enfrentando com maior robustez um ano de 2021 que seguramente se antevê igualmente imprevisível.