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LEWIS

Por

Rui Ferreira Pinto

Publicado em

Maio 9, 2019

Tags

Branding, Comunicação, storytelling

Quer estejamos a falar com um cliente ou a apresentar uma reunião, o nosso objetivo é cativar a audiência ou arriscamo-nos a ter uma falha na nossa comunicação. Com a quantidade de informação que existe na internet, torna-se difícil para as empresas destacarem-se e ligarem-se de alguma forma com os seus clientes, e muitas vezes as informações e anúncios são ignorados (quase) de forma automática por nós.


Como fazer para captar a atenção e fazê-lo num contexto de estratégia digital?

Storytelling!

E o que é isso de Storytelling? Storytelling é a forma como as empresas e marcas contam histórias apelativas, interessantes e cativantes, recorrendo a diversos recursos audiovisuais (vídeos, textos, imagens, áudios e até stories nas redes sociais) que ajudam a transmitir uma mensagem inesquecível. Basicamente, tudo o que permite uma conexão a nível emocional com o seu público.

Storytelling pode ser a forma de construir um relacionamento leal com o seu cliente que vai muito além do produto ou serviço vendido. Permite que as pessoas se envolvam através dos seus sentimentos e emoções.

As empresas estão cada vez mais empenhadas em contar histórias que transmitam os seus valores, que cativem e que emocionem. A mensagem a ser transmitida pode nem sempre ser o produto, mas sim inspirar. O produto poderá fazer parte da narrativa, mas nunca vai ser sobre ele.

Ao contrário dos antigos anúncios publicitários, onde a sugestão de compra é feita de uma forma mais agressiva e cuja mensagem já não é o suficiente para conquistar novos clientes, o modelo atual passa por contar histórias que permitam uma ligação e um vínculo forte com o público. Esta sim pode ser A alternativa.

estante livros

 

Storytelling não é uma ferramenta para vendas, mas sim para construir relações.

Esta estratégia tem como objetivo posicionar a marca no mercado e gerar uma experiência positiva junto do consumidor e assim uma maior tendência para consumir a mesma.

As histórias ajudam a simplificar mensagens mais complexas. Pense naquela vez em que o seu professor utilizou um exemplo de uma situação real para explicar um problema. Fazer com que as pessoas se juntem e partilhem uma história, cria nas pessoas um senso de comunidade e pertença. “Tocar” nas emoções das pessoas é a forma mais eficaz de motivar e levar de facto a uma ação.

O storytelling permite a criação de lovemarks – compramos a marca comum, mas colocamos “lovemarks” nas que adoramos – porque faz com que as pessoas se sintam mais próximas da marca, que façam parte de algo ou que se preocupam com elas, o público envolve-se e constrói uma ligação emocional com a marca.

Tornar-se num melhor storyteller precisa de tempo e muita prática, mas existem algumas dicas que poderão ajudá-lo a começar:

  • Conte histórias que goste
  • Conheça as pessoas a quem vai contar a história
  • Emocione o público
  • Sensibilize-o
  • Seja genuíno nos valores e na identidade da marca
  • Observe a reação do público em campanhas semelhantes por parte da concorrência
  • Crie uma mensagem forte e clara
  • Alterne entre os momentos negativos e positivos

Claro que dizer “conte histórias que goste” é fácil, mas é importante, e necessário, compreender todo o processo de construção de um storytelling para que seja criada uma boa história. E como se faz isso?

Como se conta uma boa história?

Uma boa história é:

  • Interessante. Capta a atenção e curiosidade do público para saber o que se segue e como a história se desenrola, criando um compromisso
  • Educativa. Existe sempre um conhecimento, uma aprendizagem que se tira da história
  • Universal. Tem a capacidade de se relacionar com todos os públicos e com as suas emoções e experiências, todos nós sabemos como é a história do herói ou do vilão
  • Organizada. Têm um seguimento lógico que ajuda a transmitir a mensagem principal e ajuda o público a absorvê-la
  • Memorável, seja através da inspiração, do escândalo, do humor, as boas histórias ficam sempre na mente

Todos as histórias têm um padrão, independentemente do público a atingir ou do objetivo. Tal como na escola somos ensinados a escrever com “principio, meio e fim”, também o storytelling tem uma lógica que deve ser seguida e pode ser resumida em cinco partes:

  1. Introdução – deve-se apresentar ao público tudo o que englobe a história, quais as personagens e qual o contexto em que irão ser envolvidos. É neste ponto que o público começa a ter interesse, portanto é fundamental que seja criada a conexão e empatia.
  2. Problema – nesta etapa irão ser demonstrados quais os desafios (até então) desconhecidos. É a forma como se apresenta o problema que irá despertar a curiosidade no público, sendo o ideal que ele se identifique com o mesmo.
  3. Ajuda – é encontrado aquilo que vai ajudar a cumprir o objetivo e a ultrapassar o problema. Este pode ser o momento certo para mostrar o seu produto e apresentá-lo como uma solução.
  4. Retorno – após vencer os problemas e desafios, as personagens voltam ao ponto do partida, no entanto com novos conhecimentos e habilidades.
  5. Conclusão – esta será o momento do desfecho da história, onde é mostrado como a vida da personagem muda conforme as decisões que fez. É esta a fase que inspira o público, pois mostra-lhes que apesar das dificuldades vividas, existe uma solução. O seu produto.

Alpinista

Veja alguns exemplos de storytelling de sucesso:

  • Coca-Cola
  • A Coca-Cola é mundialmente conhecida pelas suas ações. Todas elas tendem a contar histórias ou a demonstrar que os seus produtos são estímulos suficientes para o início de algo. Um bom exemplo é a campanha “Share a Coke”, onde a nossa atenção é direcionada para os nomes que estão nas latas, e assim ao vermos os nossos nomes, de um familiar ou de um amigo, isso irá ativar a nossa memória e as emoções que estejam ligadas a essa pessoa. Isto faz com que se desencadeei uma ação de compra e o produto vai ser comprado para oferecer ou nem que seja para guardar como lembrança. Desta forma a Coca-Cola conseguiu transmitir mensagens de alegria e momentos de partilha entre as pessoas, onde o seu foco não foi apenas vender o produto, mas chegar às emoções e sentimentos das pessoas.

  • Spotify

O Spotify é um serviço de streaming de música, vídeos e podcast que armazena dados contínuos sobre as músicas, artistas e playlists dos seus utilizadores. O serviço de streaming permite a criação de conteúdo original conjugado com as informações e os dados demográficos dos seus ouvintes.

No final de 2017, o Spotify espalhou pela cidade de Londres outdoors com frases de resoluções cómicas de Ano Novo (utilizando os hábitos dos ouvintes em 2017).  Esta campanha foi intitulada de “Goals 2018” (Objetivos de 2018). Isto acabou por ser uma campanha de sucesso porque a música é algo que junta as pessoas a nível emocional, e os dados sobre os hábitos musicais dos utilizadores influenciaram o humor coletivo.

Anuncio com o Ed Sheeran

  • Always

Outro exemplo foi a empresa Always que lançou a campanha #LikeAGirl. Esta campanha serviu de inspiração para as raparigas mais novas não terem problemas em lidar com o termo “como uma menina” e mostra a realidade entre as que já passaram pela fase da adolescência e as que estão na infância. A marca propõe reforçar a confiança das raparigas que vivem com o estereótipo de fraqueza associados a comportamentos do sexo feminino. Mostra a diferença entre a perceção dos que utilizam o termo e o efeito real que este pode ter na vida das raparigas e como isso pode diminuir a sua autoconfiança. No final a mensagem é positiva: “Eu comporto-me como uma rapariga, porque eu sou uma rapariga. E não tenho de ter vergonha nisso.”

E qual o futuro do Storytelling?

A realidade virtual pode vir a ter um papel bastante importante no que respeita ao futuro do storytelling, pois permite contar as histórias na perspetiva da personagem principal, ou seja, o cliente é colocado no meio da ação, ligando-se de uma forma imediata à história.

Possibilita passar mensagens de uma forma mais interativa porque está a criar experiências mais reais e dinâmicas, onde o cliente sente tudo o que se passa à sua volta. Pode assim elevar a narrativa da história, passando do envolvimento para a experiência e, portanto, incitar à ação.

A realidade virtual pode vir a ser um meio dominador onde as empresas se liguem aos consumidores, deixando de ser um apenas um observador passivo.

“In a sea of a million stories, a great one is going to make you react”

Analisando a citação de Gary Vaynerchuck – empreendedor, autor e uma das personalidades mais influentes da internet no séc.XXI – a forma mais eficaz para atingir e “prender” a audiência poderá ser através do storytelling, pois o público vê-se envolvido na história como se fizesse parte da mesma. Através do storytelling as histórias fazem-nos viver a experiência em vez de apenas ouvirmos e consumirmos, e se for bem comunicada, pode ser a forma certa de levar um potencial cliente a acreditar também.

As pessoas podem nem sempre lembrar-se do seu produto ou serviço, mas irão sempre lembrar-se de uma boa história.

Ansioso por começar? Comece já a praticar e saiba quais as 11 técnicas de comunicação que deve utilizar nas relações com o público.

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